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Um prato colorido de comida e de informação

Foto de Daniela Machado
Autor Daniela Machado Coordenadora EducaMídia Sobre o autor

O que uma alimentação balanceada pode nos ensinar sobre o que consumimos na internet

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Desde cedo nos ensinam —mas nem sempre aprendemos— que uma alimentação balanceada é a mais indicada para nossa saúde.

Para compor “um prato colorido”, a recomendação de médicos e nutricionistas é caprichar nas verduras e nos legumes e reduzir o consumo de alimentos processados e ultraprocessados. A ideia por trás dessa recomendação é que, quanto mais próximo de seu estado natural, mais saudável seria o alimento.

Com a informação pode acontecer algo similar.

Pense nas brincadeiras de “telefone sem fio”, em que uma mensagem inicial é transmitida, ao pé do ouvido, entre um grupo de colegas.

Não raro, o recado que chega ao último da fila é completamente diferente daquele que iniciou o jogo. Ou seja, a informação processada por cada um dos participantes ganha novos contornos e significados, o que acaba distorcendo o conteúdo original.

Na brincadeira infantil, a graça está justamente na mudança de sentido da frase. Escola que vira sacola, que vira gaiola, que vira vitrola… Quanto mais distante do original, melhor.

Na vida real, no entanto, o telefone sem fio é um jogo perigoso.

Com quantas mensagens encaminhadas e reencaminhadas nos deparamos diariamente nas redes sociais e em aplicativos de mensagens? E quantas vezes somos incapazes de identificar sua autoria e a intenção de quem iniciou seu compartilhamento?

O potencial explosivo de passar adiante qualquer conteúdo sem refletir fica mais evidente quando analisamos a capilaridade de ferramentas como o WhatsApp.

Mundialmente, o número de usuários de aplicativos de mensagens deve alcançar 2,7 bilhões este ano, segundo estimativa da consultoria eMarketer.

Daí a importância de refletir antes de passar adiante qualquer conteúdo. Numa era em que a oferta de informação é abundante, é responsabilidade de cada um de nós escolher o que consumir e o que compartilhar em nossas redes.

Essa é uma das ideias centrais do livro “A Dieta da Informação”, do americano Clay A. Johnson. O autor defende que, assim como os alimentos mais próximos da terra tendem a ser mais saudáveis, a informação mais próxima da fonte tende a ser mais fidedigna.

E vai além: buscar ativamente um “prato de informação” mais diversificado, em vez de consumir  exclusivamente o que os algoritmos ou mesmo nossos grupos de amigos ou familiares nos apresentam, é um caminho interessante para ampliarmos nosso entendimento do mundo.

O professor de jornalismo Charles Seife, da Universidade de Nova York, também se vale de metáforas ligadas à saúde para refletir sobre a qualidade das informações com que nos relacionamos.

No livro “Virtual Unreality: Just because the internet told you, how do you know it’s true?” (“Irrealidade Virtual: Apenas porque a internet lhe disse, como você sabe que é verdade?”, em tradução livre), Seife cita que os mesmos três fatores que determinam como uma doença se espalha —transmissibilidade, persistência e interconectividade— podem explicar como a informação (ou a desinformação) trafega pela internet.

“No momento em que aprendemos a transformar todas as nossas informações em bits e bytes lançamos uma criatura inteiramente nova no mundo, com poderes —e riscos— que compreendemos apenas vagamente”, ressalta.

Há muitas iniciativas que podem contribuir para que esse novo mundo seja o mais saudável possível e algumas estão ao nosso alcance.

Que tal incentivar as crianças e os jovens a buscar de forma ativa e intencional notícias de relevância para sua comunidade, sem consumir apenas os assuntos que já os interessava ou que são apresentados pelas plataformas?

Outra sugestão é apresentar aos alunos, de maneira habitual, pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema, estimulando-os a debater divergências com empatia e respeito.

A construção dessas habilidades mostra-se imprescindível neste momento, em que é grande o risco de nos fecharmos em nossas próprias bolhas, consumindo mais do mesmo. Tal dinâmica, além de nos privar de um olhar mais abrangente e plural sobre o mundo, é um atalho fácil para a radicalização do discurso. Ou seja, se estamos tão acostumados a só ouvir ecos de nossas próprias opiniões, fica mais difícil aceitar os pontos de vista diferentes.

É nesse contexto que uma dieta informacional mais balanceada pode nos ajudar.

Foto de Daniela Machado

Daniela Machado

Coordenadora EducaMídia

Coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta que tem como focos a formação de professores e a produção de conteúdos sobre o tema.

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