Imagem de carregamento
— Colunas e Artigos

Jornalismo e proteção ambiental: uma aliança implacável 

Foto de Patricia Blanco
Autor Patricia Blanco Presidente do Instituto Palavra Aberta Sobre o autor

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa reforça a importância da informação no combate à crise climática 

Imagem de destaque do post

A desinformação climática está em toda parte, ameaçando a nossa e as futuras gerações. Combatê-la não é tarefa fácil. Exige o fortalecimento e o estabelecimento de uma sólida e permanente parceria entre ciência, jornalismo e educação voltada à sustentabilidade com respeito aos direitos dos indivíduos e à diversidade de vozes.  

Esse é o alerta que faz a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ao liderar as atividades globais deste ano alusivas ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado nesta sexta-feira (3), com atividades dedicadas à importância do jornalismo e da liberdade de expressão no contexto da crise ambiental no planeta. 

Nesta agenda, um ponto destacado pela Unesco é a garantia de segurança dos jornalistas e dos veículos de notícias independentes, plurais e de reconhecida credibilidade, sobretudo fora dos grandes centros. Segundo a Unesco, repórteres investigativos têm lançado luz sobre crimes ambientais, expondo corrupção e interesses poderosos, e por vezes pagando um preço caro por fazerem o seu trabalho.   

No Brasil, é o que acontece no escrutínio das ilegalidades ocorridas na Amazônia, região vital para a sustentabilidade do planeta. O caso mais emblemático nesse sentido é, sem dúvida, o assassinato, em 2020, do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, mortos de forma cruel na região em uma ação do crime organizado em represália à busca incansável dos dois por informações que denunciavam a caça e a pesca predatória, o tráfico de animais e o desmatamento e a mineração ilegais.  

Não se trata, porém, de um ponto fora da curva, infelizmente. Segundo relatório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), foram registrados 66 casos de ataques à imprensa nos nove estados que compõem a Amazônia Legal ao longo de um ano, entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023. A insegurança na região, relata a RSF, combinada com pressões políticas e econômicas, cria condições que levam os jornalistas à autocensura. 

Essa situação, diz a Unesco, se repete nas mais diversas regiões do planeta onde os jornalistas enfrentam desafios significativos na procura e divulgação de informações sobre questões contemporâneas relacionados às alterações do clima, tais como problemas nas cadeias de abastecimento, migração climática, indústrias extrativas, mineração ilegal, poluição, caça furtiva, tráfico de animais e desmatamento.  

As diversas ameaças (físicas, econômicas, políticas, psicológicas, digitais e jurídicas) às quais os jornalistas estão sujeitos, ressalta a agência da ONU, refletem um contexto complexo em que existe uma luta constante pelo controle da informação

Nessa batalha informativa, o mundo tem convivido com uma acirrada polarização ideológica, um campo fértil ao extremismo, que tem se aproveitado dos efeitos colaterais das redes sociais para espalhar desinformação e discurso de ódio com o objetivo de desestabilizar democracias e abrir caminho para o autoritarismo.  

Como contraveneno à desinformação, além de garantir a prática do jornalismo independente, a Unesco defende também a transparência das empresas tecnológicas, a sua responsabilização, a devida diligência e a moderação e curadoria de conteúdos com base nas normas internacionais de direitos humanos, conforme indicado nas diretrizes da agência para Governança de Plataformas Digitais

Tudo isso é fundamental, mas não é o suficiente. Como defende a própria Unesco, é preciso ainda proporcionar a capacitação dos usuários das modernas tecnologias – que avançam de forma exponencial, como é o caso da inteligência artificial generativa – para se envolverem e pensarem criticamente no ambiente digital. Além de garantir a educação midiática, o entendimento da ciência e o acesso ao jornalismo a toda população. Melhor ainda quando essas ações conseguem chegar às comunidades mais vulneráveis. 

Foi o que fez, por exemplo, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em outubro de 2023, no Rio de Janeiro. Crianças e jovens moradores da favela de Manguinhos participaram de oficinas e de jogos interativos sobre desinformação e atenção ao meio ambiente oferecidos pela Fiocruz e seus parceiros.  

“Se elas (crianças e jovens) entendem como o conhecimento da ciência e do jornalismo funcionam, aumenta a chance de elas poderem reconhecer quando o que vem é diferente disso, mesmo que não conheçam o contexto das informações”, diz Eric Andriolo, assessor de comunicação da Agenda Jovem Fiocruz e cientista político.  

Como se vê na prática, a aliança entre ciência, jornalismo e educação midiática é, sem dúvida, o melhor antídoto contra a desinformação climática.

Foto de Patricia Blanco

Patricia Blanco

Presidente do Instituto Palavra Aberta

Patricia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta, entidade que lidera o EducaMídia, programa de educação midiática com foco na formação de professores e produção de conteúdo sobre o tema.

Voltar ao topo
FAÇA
PAR—
TE

Venha para nossa rede de educação midiática!
Fique por dentro das novidades

Receba gratuitamente nossa newsletter

Siga nossas redes sociais

Que tal usar nossa hashtag?

#educamidia

Utilizamos cookies essenciais para proporcionar uma melhor experiência. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de privacidade.

Política de privacidade