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De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, usuários do Facebook acima dos 65 anos compartilharam sete vezes mais notícias falsas do que o grupo etário mais jovem, de 18 a 29 anos. Esse dado serve como alerta: se quisermos tornar as redes mais saudáveis, com menos desinformação circulando, precisamos garantir que o público mais velho também esteja incluído em ações de educação midiática.
Há um número cada vez maior de idosos ativos no universo digital. Um levantamento realizado pelo Kantar Ibope revelou que 75% dos idosos com acesso à internet fizeram alguma transação online no ano passado, comportamento que foi intensificado durante a pandemia. Além disso, foi detectado um aumento de 66% nas interações via mídias sociais em comparação com os últimos anos.
Apesar dos dados, é preciso lembrar que esse público é mais suscetível a golpes virtuais, e muitas são as razões para que isso aconteça. A dificuldade no domínio das novas tecnologias, de acordo com alguns estudos, é uma delas. Letras pequenas e aparelhos com funções complexas dificultam o manuseio e colaboram para que as redes se tornem verdadeiros labirintos para as pessoas com mais de 60 anos. Além disso, com o envelhecimento, as habilidades como a memória episódica e o raciocínio abstrato começam a declinar continuamente, principalmente após a meia-idade.
É preciso que toda a sociedade esteja atenta a essas dificuldades, já que em 2050, segundo dados do IBGE, os idosos devem corresponder a cerca de 30% da população brasileira. Ou seja, de acordo com essa estimativa, dentro de dez anos, o percentual de brasileiros com 60 anos ou mais vai ultrapassar o das crianças de 0 a 14 anos.
Essas projeções trazem à tona a necessidade de olharmos para o envelhecimento não como um grande problema, mas como um período de aprendizado. Aos poucos, a sociedade vai se adaptando às mudanças tecnológicas, da mesma forma que realizou a transição da máquina de escrever para o computador, e do telefone fixo para o celular, e todos podem — e devem fazer parte disso.
Por isso, para que o público idoso possa produzir e compartilhar conteúdo com responsabilidade, é fundamental que ele seja midiaticamente educado. Essa necessidade ganha urgência à medida que nos damos conta de que ser ou não educado para as tecnologias é um grande fator de exclusão social. Portanto, a inclusão no mundo digital dessa faixa etária precisa considerar a experiência anterior dela com a tecnologia e capacidades visual e auditiva, bem como as especificidades das suas funções cognitivas.
Pensando nisso, o Instituto Palavra Aberta lançou no início de outubro o programa EducaMídia 60+. A iniciativa conta com um portal com materiais gratuitos para apoiar as pessoas com mais de 60 anos no desenvolvimento de habilidades para navegar com segurança pela internet, aproveitando todas as oportunidades de comunicação e conexão que a tecnologia nos oferece. Há também recursos igualmente gratuitos voltados para profissionais, acompanhantes e familiares que estejam interessados em organizar oficinas e cursos de educação midiática para essa população.
Em um mundo onde nos comunicamos, consumimos e interagimos por meio das telas, é preciso estar atento às transformações da vida conectada. Garantir que a educação midiática chegue aos mais diversos públicos é o primeiro passo para que toda a sociedade esteja apta para fazer escolhas conscientes, interpretando com senso crítico as informações e dominando as ferramentas e as linguagens que permitem ter voz no ambiente digital.