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A educação midiática e o preconceito contra pessoas LGBTQIA+

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Autor Mariana Mandelli Coordenadora de comunicação Sobre o autor

Mentiras e boatos que estigmatizam pessoas LGBTQIA+ têm papel crucial em episódios de violência e desrespeito

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Imagem: Daniel James | Unsplash

Junho é reconhecido como o mês do orgulho LGBTQIA+ em diversas partes do mundo, época em que ocorrem manifestações e campanhas em prol da diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero tema que, enfim, tem ocupado cada vez mais espaço nas mídias online e offline.

O papel das redes sociais nesse contexto é imensurável, pois deu voz a ativistas e visibilidade para as demandas e denúncias dessa população, colocando em pauta questões de representatividade que a televisão, a publicidade e o jornalismo não puderam mais ignorar.

Mas, apesar dos nítidos avanços no debate público nos últimos anos, assegurar os direitos de gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e demais indivíduos ainda é um desafio de proporções gigantescas. Mesmo dentro dos parlamentos, que deveriam representar politicamente todos os cidadãos, frequentemente surgem ações e projetos de lei de motivações homofóbicas. 

O exemplo mais recente vem da Hungria, onde foi aprovada uma lei que veta a divulgação de materiais considerados como “promotores da homossexualidade e da mudança de gênero” nas escolas.

No Brasil, a situação não é assim tão diferente. A despeito da decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF), que criminalizou a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, o quadro ainda é grave, inclusive em âmbito institucional, como mostrou um projeto em tramitação na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cujo objetivo é proibir propagandas com pessoas LGBTQIA+ e famílias homoafetivas, sob alegação de que seriam “má influência” para a sociedade em especial para crianças e jovens.

Um ponto importante nesse cenário, tanto em contexto nacional como internacional, é o papel da desinformação e do discurso de ódio nessas discussões, que são constantemente inflamadas com narrativas falaciosas que, sob a prerrogativa da liberdade de expressão, visam estigmatizar e difamar um grupo populacional que sofre sistematicamente violências de diversos tipos. 

O potencial das mídias para conscientização e difusão de iniciativas de diversidade é imenso, mas o mau uso delas causa prejuízos igualmente proporcionais. Como se sabe, a disseminação de LGBTfobia no ambiente digital tem assumido diversos formatos, que vão de “fake news”, com fins políticos ou religiosos, a ameaças explícitas de morte.

Portanto, qualquer reflexão que se faça sobre a construção de cidadania e democracia não pode acontecer sem considerarmos ações individuais e coletivas naquilo que chamamos de ciberespaço. E este é um debate que precisa começar desde cedo, mas que enfrenta enorme resistência nos sistemas de ensino.

Não existem muitas informações que permitam conhecer a realidade escolar de alunos e alunas LGBTQIA+, mas dados da Anistia Internacional apontam que, nos Estados Unidos, esses estudantes recebem, em média, cerca de 26 insultos por dia. A entidade afirma também que 80% desses estudantes são isolados pelos colegas de classe, 28% abandonam os estudos e 19% são vítimas de agressões físicas.

Não dá para dissociar dados como esses de outros que temos no Brasil, que é o país que mais mata pessoas trans no mundo somente em 2020, foram 175 assassinatos, número 41% maior do que no ano anterior, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

Mentiras e boatos que estigmatizam as pessoas LGBTQIA+ têm papel crucial em episódios de violência e desrespeito porque interditam o debate público acerca dos direitos delas. Por isso, educar para informação é também educar para o respeito às diferenças, para a promoção da cultura de paz e, consequentemente, para a defesa dos direitos humanos, dentro e fora das plataformas digitais. 

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Mariana Mandelli

Coordenadora de comunicação

Mariana Mandelli é coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta.

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