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Sociedade precisa conhecer o jornalismo

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Autor Patricia Blanco Presidente do Instituto Palavra Aberta Sobre o autor

Qual seria a razão para tamanho desinteresse? São muitos os motivos, mas um dos mais importantes tem origem dentro das redações.

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Imagem: Roman Kraft/Unsplash

O mundo celebra amanhã o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A data marca quase 30 anos de ativismo em prol do fortalecimento da imprensa, mas, apesar desse generoso período, a necessidade de proteção das liberdades e do próprio jornalismo profissional e independente ainda não é, infelizmente, bem compreendida por boa parte da população.

A tragédia da Covid-19 resgatou parte da credibilidade que o jornalismo perdeu nas últimas décadas. A melhora está relacionada ao fato de que a informação correta pode representar, na crise de saúde global, a diferença entre a vida e a morte. No entanto, mesmo diante de tanta urgência e agonia, os índices positivos ainda são tímidos.

Qual seria a razão para tamanho desinteresse? São muitos os motivos, mas um dos mais importantes tem origem dentro das redações. Profissionais da imprensa e organizações de notícias não têm conseguido mostrar com clareza às suas audiências como funciona o jornalismo e qual é a sua importância para a sociedade.

A falha sustenta um ciclo nefasto: a audiência desconhece a importância do jornalismo, passa a não dar valor a ele e, por isso, não se dispõe a pagar pela notícia. E o problema não é ruim apenas para a sustentação econômica dos veículos de imprensa. Resulta no enfraquecimento de um dos principais pilares da democracia quando mais precisamos dele. Afinal, o jornalismo profissional é uma das melhores vacinas contra a desinformação.

O jornalismo e os conteúdos produzidos e distribuídos por organizações de notícia independentes, livres e plurais dão uma valiosa contribuição ao fortalecimento dos direitos humanos, ao desenvolvimento sustentável e ao exercício do direito dos cidadãos ao acesso à informação de interesse público. E as pessoas precisam saber disso!

Os caminhos para superar esse quadro são diversos, mas passam também pelo maior investimento na educação midiática e informacional da sociedade. É fundamental a formação de audiências mais críticas, responsáveis e conscientes em relação à qualidade da informação que consomem em qualquer meio.

No que diz respeito aos mais jovens, há consenso de que os alunos dos ensinos fundamental e médio devem ter constante contato com as práticas jornalísticas, conforme prevê a Base Nacional Comum Curricular, dentro da área de língua portuguesa. No entanto, a veloz multiplicação da desinformação espalhada na internet e os preocupantes índices de analfabetismo funcional revelam que é preciso fazer mais.

Na prática, o ensino das técnicas de leitura e análise crítica da informação tem de estar presente em quase todas as disciplinas escolares. A aquisição dessas habilidades contribui não apenas para a educação, mas também para a capacitação de aprendizado constante, tão acelerado quanto as transformações digitais. Ou seja, é algo que precisaria estar presente na vida de todo cidadão.

Mas o que fazer com os adultos de hoje? O mesmo, mas a partir de uma narrativa educacional que deve estar presente em boa parte dos conteúdos dos jornais, revistas, sites noticiosos, rádios e emissoras de TV.

Diariamente, jornalistas e empresas noticiosas precisam cultivar e praticar as funções e as técnicas elementares da profissão, que fazem dela um bem público, tema central da edição deste ano do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Recomenda-se estabelecer na redação um ambiente tão diversificado quanto é a audiência, conhecer a fundo leitores, ouvintes e telespectadores e, ainda, praticar um jornalismo ainda mais inclusivo e transparente.

Vencidas essas etapas, é necessário explicar de forma constante, com simplicidade e objetividade, os valores éticos do jornalismo e como as notícias são produzidas. Isso inclui oferecer conteúdo sobre como as informações são apuradas, trabalhadas e divulgadas, além da explicação dos processos – pautas, pesquisas, entrevistas, busca por fontes confiáveis e diversas, construção e escolha da narrativa, análise de dados, investigação criteriosa e outros tantos.

Mais do que nunca, jornalistas e organizações de notícias precisam contar às audiências quais são os valores da profissão, tais como independência, pluralidade, transparência e compromisso com a verdade. Mais do que nunca, as pessoas precisam compreender o que é jornalismo.

 

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Patricia Blanco

Presidente do Instituto Palavra Aberta

Patricia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta, entidade que lidera o EducaMídia, programa de educação midiática com foco na formação de professores e produção de conteúdo sobre o tema.

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