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Senso de justiça social pode ser desenvolvido a partir das mídias

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Autor Bruno Ferreira Coordenador pedagógico Sobre o autor

Educação midiática qualifica o uso de recursos digitais, expandindo a compreensão acerca do seu potencial transformador

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Em tempos de compulsão por apostas online e receios de golpes pelas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, podemos pesar a mão no julgamento das possibilidades de acesso, produção e difusão de conteúdos no mundo digital. No entanto, este ainda é um espaço estratégico no enfrentamento às desigualdades e na luta pela ampliação de direitos sociais.

Ofuscados pelo cansativo estado de alerta que as plataformas digitais requerem, esquecemos da Primavera Árabe, em que as redes sociais foram usadas para organizar e mobilizar protestos em países do Oriente Médio e norte da África, entre 2010 e 2011, desafiando os regimes autoritários desses países. Há ainda o Movimento Black Lives Matter, em que plataformas como Instagram e Twitter amplificaram as vozes dos manifestantes, ajudando a mobilizar pessoas em todo o mundo em apoio à causa da justiça racial, em diferentes momentos dos últimos anos.

Ainda que nos dias de hoje a sofisticação dos algoritmos condicionem a experiência dos usuários das redes, podendo ser um dificultador ao acesso a informações plurais, as mídias sociais podem ser um fomentador estratégico de diálogo social e de novas fontes de informação.

No Brasil, diversas iniciativas de comunicação comunitária expandem suas possibilidades de interlocução em canais digitais. Um exemplo interessante nesse sentido é o Voz das Comunidades, jornal comunitário fundado em 2005 no Morro do Adeus, comunidade que integra o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Este veículo é hoje uma referência internacional de jornalismo comunitário, que não apenas noticia o que se passa nessa localidade, mas também contribui para traduzi-lo, por meio das redes sociais, enquanto território singular, de manifestações culturais próprias, que merecem ser conhecidas e valorizadas para além das fronteiras cariocas.

Algo fundamental na experiência do Voz das Comunidades é o fato de que seu fundador, Rene Silva, tinha apenas 11 anos quando propôs que seu território tivesse um jornal para chamar de seu. Isso porque o então estudante de escola pública (e hoje jornalista e ativista), inspirou-se no jornal escolar do qual fazia parte para colocar sua ideia de pé.

Quando ainda criança, Rene constatou que quando o jornal de sua escola relatava problemas existentes em suas dependências, como uma quadra esportiva danificada, estes eram resolvidos. Então, pensou se fundasse um jornal na própria comunidade, as questões desta também encontrariam resolução.

O que pode parecer ingênuo, à primeira vista, na verdade expressa uma visão bastante crítica do papel dos meios de comunicação na sociedade: ser um instrumento de luta, ao dar visibilidade às injustiças e voz aos invisibilizados.

Atualmente, projetos que desenvolvem sensibilidade e responsabilidade social a partir das mídias, na escola, multiplicam-se Brasil afora a partir da educação midiática, abordagem respaldada por diretrizes curriculares e instrumentos legais, como a Base Nacional Comum Curricular (2018) e a Política Nacional de Educação Digital (2023).

Durante o G20 Social, evento que ocorre nesta semana no Rio de Janeiro, com o objetivo de ampliar a participação da sociedade civil nos debates e decisões do grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, teremos a oportunidade de expandir a reflexão sobre o papel da educação midiática no enfrentamento às iniquidades.

Na tarde desta quinta-feira, 14 de novembro, a atividade autogestionada “Educação midiática e desenvolvimento social: construindo uma sociedade mais justa e equânime”, proposta pelo Instituto Palavra Aberta, abordará a experiência de iniciativas da educação, da mídia e do governo federal no fomento à educação midiática com vistas à transformação social. Os interessados devem fazer seu credenciamento neste link. A programação completa do G20 Social está disponível aqui.

A abordagem desse tema num espaço liderado pela sociedade civil demonstra que a educação midiática é um direito indispensável, fundamental ao avanço da cidadania e da participação democrática no mundo contemporâneo, marcado por retrocessos, incertezas e necessidade de fortalecimento das lutas coletivas.

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Bruno Ferreira

Coordenador pedagógico

Jornalista e professor. Mestre em Ciências da Comunicação e especialista em Educomunicação pela ECA/USP. Possui licenciatura em Educação Profissional de Nível Médio, pelo IFSP. Atuou como professor de Comunicação e Desenvolvimento Social, no Senac-SP, como consultor de alfabetização midiática e informacional da UNESCO e formador de professores de redes públicas de ensino.

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