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Relação responsável com as mídias é questão de justiça social

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Autor Daniela Machado Coordenadora EducaMídia Sobre o autor

Eventos internacionais ressaltam papel da educação midiática no combate a preconceitos e desigualdades

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Imagem: Maria Thalassinou/Unsplash

“A educação midiática é um passo essencial na longa marcha rumo a uma democracia participatória.” A afirmação do educador inglês Len Masterman, uma das vozes pioneiras dessa área, já completou 30 anos mas está mais atual do que nunca. Na última semana, dois dos principais eventos internacionais sobre o tema enfatizaram o caráter inclusivo da educação midiática e mostraram como o desenvolvimento de habilidades para consumir e produzir informações de forma reflexiva e responsável é pré-requisito para a participação cidadã

A conferência da associação norte-americana de educação midiática (Namle, na sigla em inglês) foi explícita ao intitular a edição de 2021, realizada no último fim de semana, como “Educação Midiática + Justiça Social”.

Para seus organizadores, a educação midiática ajuda a compreender as relações entre mídias, informação e poder. “O processo de desenvolver habilidades midiáticas nos ajuda a decifrar em que um determinado conteúdo quer que você acredite e por qual motivo, quem se beneficia de sua crença, quais perspectivas estão contempladas no discurso dominante e quais foram marginalizadas ou omitidas”, justificaram. “Em suma, a educação midiática nos ajuda a entender questões ligadas às desigualdades sistêmicas e sobre quem se beneficia com elas.”

Também realizado neste mês, o Summer Institute in Digital Literacy — programa de referência desenvolvido pelas pesquisadoras Renee Hobbs e Julie Coiro (Universidade de Rhode Island) para formação de educadores — promoveu a educação midiática como antídoto aos preconceitos e à exclusão. 

“A educação midiática é uma resposta às profundas desigualdades e diz respeito a como as pessoas usam suas vozes e seus direitos para melhorar o mundo ao seu redor”, destacou Renee ao abrir o evento para quase 200 pessoas que, ao longo de uma semana, aprenderam, criaram e refletiram sobre práticas de educação midiática em diferentes contextos, dentro e fora dos ambientes formais de educação.

Da reflexão sobre os valores e mensagens presentes nas mídias com as quais nos relacionamos diariamente à criação de contranarrativas nos mais diversos formatos, ficou claro que é papel dos professores, sim, oferecer às crianças e aos jovens condições para que se expressem criticamente. Na prática, é preciso que os estudantes conheçam múltiplas perspectivas sobre um mesmo assunto, com acesso a materiais que funcionem como “janelas, espelhos e portas” (para que enxerguem a pluralidade do mundo, para que se vejam representados nele e para que possam participar da sua construção). 

Um bom ponto de partida é o reconhecimento, pelo professor, de como as mensagens de mídia com as quais interage podem moldar sua identidade. Que valores, narrativas e perspectivas o influenciam? E como essas influências chegam até a sala de aula? 

A educadora Kristin Ziemke, co-autora do livro Read the World: Rethinking Literacy for Empathy and Action in a Digital Age (Leia o Mundo: Repensando a Alfabetização para Empatia e Ação na Era Digital, em tradução livre), propõe um exercício interessante: construir um inventário de influências. A ideia é reunir, em um mural digital ou de papel, os conteúdos multimídia que fazem parte de nossa vida neste momento, incluindo livros, filmes, séries, podcasts, músicas, inspirações vindas de redes sociais, ferramentas digitais, pessoas e mesmo experiências.

Identificar as lentes pelas quais nós enxergamos o mundo é essencial  — só assim poderemos ajudar crianças e jovens a também reconhecer quais mensagens e mídias os influenciam e ajudam a esculpir a visão que eles têm do mundo. Este é, sem dúvida, um passo importante para que eles possam mapear discursos preconceituosos, que perpetuam desigualdades ou sustentam injustiças e, por meio de habilidades ligadas à educação midiática, usem sua voz e suas criações em prol de um mundo melhor. 

 

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Daniela Machado

Coordenadora EducaMídia

Coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta que tem como focos a formação de professores e a produção de conteúdos sobre o tema.

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