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Redes sociais e as fronteiras tóxicas da liberdade de expressão

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Autor Mariana Mandelli Coordenadora de comunicação Sobre o autor

Linchamentos virtuais revelam hostilidade cada vez maior

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“Eiii jumenta, segundo informações é o mais moderno”. A frase compõe um dos tuítes que a jornalista Gabriela Ribeiro, da TV Globo, recebeu em resposta a uma postagem publicada em 14 de fevereiro sobre o novo gramado sintético do Allianz Parque, estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras.

No texto, a repórter havia apenas relatado as diferenças aparentes entre o modelo adotado pelo clube paulista e o que existe na Arena da Baixada, do Club Athletico Paranaense, outro campo que conta com o mesmo tipo de revestimento.

Outro caso que dominou o noticiário nas últimas semanas foi o de Patrícia Campos Mello, repórter da Folha, que recebeu uma enxurrada de ataques de machismo e misoginia em seu perfil no Twitter, por conta das reportagens que vem publicando sobre pacotes de disparos de mensagens políticas em massa.

Outra vítima recente é a atriz Cleo Pires, que vem recebendo comentários nocivos em relação a seu corpo. Casos de racismo também não são novidade. A cantora Gaby Amarantos, a apresentadora Maria Júlia Coutinho e a atriz Cacau Protásio são algumas das personalidades atacadas, em ocorrências lamentáveis e criminosas.

Apesar de ameaças a celebridades ou personalidades ganharem muita atenção, tais práticas infelizes não se restringem a elas. Todos os dias tomamos conhecimento de relatos semelhantes em que as vítimas são mulheres, LGBTs, negros, nordestinos, orientais e outros grupos, alvos recorrentes de postagens de ódio.

As reações desproporcionais da audiência virtual, seja ela composta por perfis de pessoas físicas ou robôs programados, injetam uma alta toxicidade nas plataformas digitais, fomentando discursos odiosos e deturpando o conceito de liberdade de expressão.

A ideia completamente equivocada de que o direito constitucional de opinar e manifestar livremente pensamentos é salvo-conduto para se dizer qualquer coisa, em qualquer lugar, para qualquer pessoa, é reveladora dessa lógica que vem se alastrando pelo mundo digital em tempos de polarização política.

Mas a questão que precisa ser analisada é que o tal “mundo digital” não se circunscreve à internet. Mundo digital é o nosso mundo, online e offline, em que discursos adotados em um perfil de rede social têm consequências diretas fora dela, podendo ser enquadrados como crimes pelo Código Penal.

Mais ainda: esse comportamento agressivo tem impacto real da vida de muitas pessoas, causando danos psicológicos irreversíveis e, em casos mais extremos, até suicídio.

Por mais que a Constituição preveja sanções a esses comportamentos e que as plataformas tentem coibir essas condutas, a situação não mudará de figura enquanto não houver consciência de que a promoção de uma comunicação não violenta é dever individual de todo cidadão, sendo, portanto, um dever coletivo.

É preciso mais do que prestar solidariedade a quem sofre esse tipo de violência ou linchamento na internet —mesmo porque sabemos que esse tipo de comoção costuma ser bastante volátil.

Se o discurso de ódio fere o diálogo e a diversidade, fere também a democracia. E defendê-la é dever de todos nós.

 

Crédito da imagem: Jon Tyson/ Unsplash

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Mariana Mandelli

Coordenadora de comunicação

Mariana Mandelli é coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta.

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