
Em menos de 30 dias, o ano de 2025 já conta com notícias que têm impulsionado debates acalorados sobre os caminhos das redes sociais e das big techs. Dois exemplos são as mudanças nas políticas de moderação de conteúdo da Meta e o surgimento de novos atores no mercado da inteligência artificial, vindos especialmente da China.
Essas e outras novidades mostram-se desafiadoras para toda a sociedade: afinal, como vamos lidar com (mais) alterações profundas nas formas como nos informamos? Nesse contexto, é essencial desenvolver e aprimorar o olhar crítico para consumir informações e reconhecer nossa responsabilidade ao produzir e compartilhar conteúdos. Tais habilidades contemplam o campo da educação midiática e são pilares fundamentais de sustentação das democracias.
Nesse contexto, listamos alguns dos desafios que 2025 nos traz.
Moderação de conteúdo: em 7 de janeiro, a Meta, dona de Instagram, Facebook e WhatsApp, anunciou mudanças profundas na política de moderação das suas plataformas, que acabam com o programa de checagem de fatos, criado pela empresa em 2012 para combater a desinformação, e também eliminam restrições sobre temas sensíveis (como imigração e gênero). De acordo com Mark Zuckerberg, os fact-checkers devem ser substituídos por notas de comunidade, como ocorre no X, ex-Twitter, de Elon Musk, de forma a deixar que os próprios usuários se autorregulem. Em um primeiro momento, o Brasil não deve ser impactado pelas mudanças.
Inteligência artificial generativa: a chegada da DeepSeek abalou o mercado tecnológico dos Estados Unidos. A notícia de que a startup chinesa desenvolveu uma IA semelhante ao ChatGPT com orçamento consideravelmente inferior (cerca de US$ 6 milhões) colocou as big techs estadunidenses em alerta e gerou ainda mais dúvidas sobre os rumos que essas tecnologias tomarão a curto e médio prazos — e sobre como estamos (ou não) preparados para lidar com elas.
Proibição de celulares nas escolas: com a implementação da Lei 15.100/2025, este será o primeiro ano letivo em que a proibição de celulares nas escolas entra em vigor em todo o País. Amplamente apoiada por professores e famílias, a nova regra ainda gera dúvidas sobre sua aplicação nas redes públicas e privadas. Há também a expectativa sobre o apoio do Ministério da Educação (MEC) na orientação aos gestores educacionais e demais educadores sobre o uso pedagógico desses dispositivos. Durante a cerimônia de sanção da lei, o presidente Lula (PT) chamou a atenção para o envolvimento das famílias na educação midiática das crianças e adolescentes.
Vício em telas e o papel das famílias: o livro “A geração ansiosa: Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”, de Jonathan Haidt, tem provocado intensos debates sobre o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes. Muitas famílias têm enfrentado problemas em casa sem entender exatamente como agir e como lidar com seus filhos e filhas, justamente porque há uma lacuna no que se refere à educação digital e midiática dos adultos. Ademais, com a proibição do uso de celulares em sala de aula, educar sobre o uso excessivo de telas recairá sobre mães, pais e demais responsáveis. Com isso em mente, o Palavra Aberta lançou uma série de materiais gratuitos para apoiar justamente esse público.
Esses e outros desafios exigem que a educação digital e midiática seja encarada de forma consistente por governos, empresas e organizações civis, de forma a apoiar o desenvolvimento de habilidades e competências, entre as gerações atuais e futuras, que garantam o mínimo de autonomia, criticidade, ética e respeito à diversidade para lidar com cenários tão complexos.