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Educação midiática pode ser aliada no combate ao racismo

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Autor Mariana Mandelli Coordenadora de comunicação Sobre o autor

Uma sociedade mais equânime depende de como nos relacionamos com as mídias, dentro e fora das redes

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Basta uma simples busca no Google com as palavras “racismo” e “escola” para notarmos o grande volume de denúncias na educação básica que chegaram à imprensa nos últimos dois anos. “Você tem cheiro de cocô”, ouviu uma garotinha de 4 anos de colegas de uma escola particular, no Guarujá (SP). “Você fuma crack e tem cabelo duro”, disse a própria professora de uma aluna de 8 anos da rede municipal do Rio de Janeiro. “Esse seu cabelo só serve para arear panela”, disseram estudantes para uma adolescente de 14 anos de São Paulo (SP) durante um campeonato esportivo.

A infinidade de exemplos revelados pelas reportagens combina com o alto número de professoras e  professores brasileiros que relatam ter presenciado situações como essas dentro de sala de aula. De acordo com uma pesquisa Observatório Fundação Itaú em parceria com o Equidade.Info divulgada em setembro, 54% deles já perceberam casos de discriminação racial no ambiente escolar. O levantamento considerou uma amostra de 

160 unidades de ensino, tanto públicas como privadas, das cinco regiões.

Afirmar, portanto, que é necessária uma educação antirracista desde o ensino infantil é dizer o óbvio. No entanto, como estamos muito longe de atingir a equidade racial nas mais diversas dimensões da vida social, é preciso, sim, reforçar o óbvio. A legislação já garante, desde 2003, o ensino de história e cultura afro-brasileira no ensino fundamental e médio, mas a implementação dessa diretriz também é uma realidade distante: segundo um levantamento publicado em abril, sete em cada dez secretarias municipais de educação não a cumprem.

O caminho ainda é longo e são indispensáveis ações em diversas instâncias, especialmente no que tange a promoção do letramento racial entre as equipes pedagógicas e a criação de ações voltadas para uma cultura de paz e diversidade em âmbito territorial e comunitário, para que crianças e jovens aprendam a reconhecer (e desconstruir) estereótipos e preconceitos raciais, reflitam sobre discursos de ódio e suas consequências e percebam, enfim, como muitas das imagens e mensagens que consomem vêm carregadas de discriminações que eles mesmos acabam por reproduzir posteriormente. 

Nesse sentido, a educação midiática tem muito a contribuir com a construção de uma educação antirracista, pois promove a pluralidade de vozes, o engajamento social por meio das mídias, a busca por representatividade racial e cultural e o pensamento crítico sobre as tecnologias que usamos diariamente. 

Por meio dela, estudantes de todas as idades podem se ver como produtores e consumidores de narrativas e imagens que deem visibilidade para minorias raciais historicamente oprimidas, garantindo mais inclusão e representatividade. Afinal, uma sociedade mais equânime depende também de como nos relacionamos com as mídias, dentro e fora das redes sociais.

 

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Mariana Mandelli

Coordenadora de comunicação

Mariana Mandelli é coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta.

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