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Educação e o futuro do jornalismo

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Autor Daniela Machado Coordenadora EducaMídia Sobre o autor

Escolas terão papel decisivo para resgatar e moldar nossa relação com a imprensa

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Imagem: Kelly Sikkema/Unsplash

A Folha de S. Paulo acaba de completar 100 anos num cenário bastante desafiador para o jornalismo em geral, no qual se misturam críticas necessárias ao aperfeiçoamento da imprensa com ataques completamente descabidos que só visam minar sua credibilidade. Caberá à educação midiática, em especial a educação para a notícia, definir como será nossa relação com as informações no futuro, garantindo que o próximo centenário seja de comemoração.

Desde 1921, quando o jornal Folha da Noite (que deu origem à Folha) circulou pela primeira vez, o universo da informação transformou-se radicalmente. A internet deu voz e vez para praticamente todos os cidadãos, acabando com o papel de “guardião da informação” que até então era exercido pelos veículos de comunicação. Este novo mundo, em que o poder de filtrar o que será comunicado e de efetivamente publicar não está mais nas mãos de um seleto grupo, traz oportunidades incríveis mas também demanda responsabilidade.

É enriquecedor que mais pessoas com outras visões e perspectivas participem dos debates; é estimulante que crianças e jovens tenham chance de criar mídias e encontrar uma audiência real para elas; é poderoso que cientistas possam se comunicar diretamente com a população sem depender de intermediários… Mas é igualmente essencial que o jornalismo sobreviva — o trabalho incansável de muitos repórteres, editores e demais profissionais da área é insubstituível, embora possa ser aprofundado e melhorado com a participação de todos nós.

Fora das redações, há pouco conhecimento sobre a atuação dos jornalistas, dos riscos a que estão expostos e do tempo e do dinheiro necessários para que informações confiáveis e de qualidade cheguem até o público. É claro que, como acontece em todas as profissões, o jornalismo não está isento de erros (que podem ser bem graves). Mas, até para que possamos apontar as falhas de maneira mais assertiva e cobrar aperfeiçoamento dos jornalistas, precisamos entender minimamente a atividade. 

O jornalismo já faz parte dos currículos escolares, seja pelo gênero que representa, como reforço em atividades de leitura ou como material complementar quando um assunto do momento conecta-se com temas programados pelos professores. Há, no entanto, muito mais a ser explorado — e não se trata de formar uma legião de jornalistas, mas de aproveitar o que há de melhor no método jornalístico para incentivar crianças e jovens a desenvolver uma relação mais rica e fortalecedora com as informações.

Conhecer e explorar os possíveis caminhos da notícia, da ideia da pauta até o momento em que o conteúdo finalmente está pronto para ser veiculado, tem muitos benefícios, entre os quais: 

 

  • Aprender estratégias e protocolos para avaliar a confiabilidade das informações;
  • Avaliar fontes de informações, ponderando se são ou não especialistas no assunto, sua intenção e possível viés;
  • Desenvolver o hábito de questionar, e não simplesmente consumir as informações e dados que chegam até nós;
  • Compreender as responsabilidades de quem produz conteúdo, já que hoje todos nós somos um pouco jornalistas à medida que podemos relatar fatos em blogs ou redes sociais;
  • Combater o fenômeno da desinformação, reconhecendo não só informações completamente falsas mas também suas nuances, como conteúdo fora de contexto, título sensacionalista, opinião que se confunde com fato etc.

Além disso, a trilha que um jornalista deve percorrer na busca por informações pode inspirar estudantes na construção do próprio conhecimento, servindo de base para posturas pedagógicas que entendem a aprendizagem como um processo social. É o caso da aprendizagem baseada em projetos (project-based learning, em inglês) ou em investigação (inquiry-based learning), em que um problema para solucionar ou uma curiosidade para explorar funcionam como gatilho para que os alunos pesquisem, discutam, formulem hipóteses, busquem e organizem dados e informações e demonstrem ou publiquem suas descobertas. Nessa trajetória, muito semelhante à percorrida por jornalistas, os alunos aprendem também a acessar, pesquisar, filtrar e produzir no ambiente informacional e midiático. 

Aproximar os mais jovens do jornalismo, abrindo espaço para que eles não só aprendam com a atividade mas também possam contribuir para seu aperfeiçoamento, fará com que toda a sociedade saia ganhando. Se as novas gerações não tiverem a oportunidade de entender o papel da imprensa, serão incapazes de defendê-la.  

 

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Daniela Machado

Coordenadora EducaMídia

Coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta que tem como focos a formação de professores e a produção de conteúdos sobre o tema.

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