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Aproximadamente um em cada dez adolescentes (13,2%) já se sentiu humilhado, ameaçado ou ofendido em redes sociais ou aplicativos. No caso das meninas, esse número é maior: 16,2%. Os dados são do IBGE e fazem um alerta para um problema que vem afetando crianças e jovens em todo o mundo: o cyberbullying. E é na escola, local onde esse público passa a maior parte do dia, que ações podem ser realizadas para prevenir e minimizar os riscos dessa prática que machuca e traz muito sofrimento.
Longe de ser uma novidade, o bullying é uma palavra de origem inglesa. “Bully” quer dizer “valentão” e o sufixo “ing” representa uma ação contínua. É chamada assim, portanto, toda a prática sistemática de violência física e psicológica contra uma pessoa que não é aceita por um grupo. Quando as agressões ocorrem no ambiente virtual, é adicionado o prefixo “cyber”, sendo chamados de “cyberbullying” os atos que acontecem por meio de mensagens intimidadoras, ameaças e situações constrangedoras nas redes sociais.
Os efeitos do cyberbullying nas crianças e jovens é devastador. Os resultados podem ser duradouros e ter diversos impactos. Mentalmente, a vítima pode se sentir constrangida, diminuir seu rendimento escolar e perder o interesse pelas coisas que ama. Até sintomas físicos são relatados, como dor de cabeça, dores de barriga e insônia. Em casos extremos, o cyberbullying pode levar ao suicídio. Por isso, ações de prevenção são tão importantes para garantir espaços virtuais saudáveis e fortalecer a confiança desses estudantes.
Por isso, é essencial que o assunto esteja presente no projeto político pedagógico das escolas. Para que isso seja possível, as equipes precisam ser formadas e estarem preparadas, contando com materiais de apoio para a realização de atividades de reflexão, rodas de conversas e palestras. O diálogo deve ser o caminho para que os alunos se sintam confortáveis para dizer o que estão sentindo, conversem com seus pares sobre o assunto e se sintam seguros para denunciar situações de opressão, com a consciência de que uma ofensa nas mídias sociais não é menos grave do que uma ofensa ao vivo.
A exibição de filmes e séries que abordam o tema pode ser uma boa estratégia de sensibilização, gerando discussões na sala de aula, melhorando o comprometimento dos alunos sobre o coletivo e trabalhando o olhar sobre o outro. O filme “Cyberbully”(2011), por exemplo, narra o cotidiano de uma garota que ganha um computador e sofre cyberbullying após ter sua conta nas redes sociais invadida. A produção ainda aponta possíveis soluções para pais, professores e políticos.
Outra opção é a série “Control Z” (2020). Em sua primeira temporada, ela gira em torno da história de um hacker que consegue acessar dados de alunos de uma escola e passa a vazá-los, causando constrangimento e desconforto.
Ainda vale citar o documentário Audrey & Daisy (2016), voltado para a faixa etária do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A obra conta a história de duas garotas que sofreram violência e tiveram suas fotos divulgadas nas redes sociais.
A Safernet, ONG que defende os direitos humanos na internet, disponibiliza materiais gratuitos para identificar e combater o cyberbullying. Na cartilha “Cyberbullying: saiba como identificar e agir”, o educador encontra dicas práticas para combater a modalidade virtual do bullying. Além disso, o site oferece vídeos, artigos e infográficos que ajudam o educador a lidar com o tema.
Materiais ilustrados podem ser de grande ajuda para tratar de temas difíceis. Pensando nisso, a Nethisc Edu criou uma apostila ilustrada de combate ao bullying e cyberbullying, cujo o download pode ser realizado gratuitamente. A cartilha de combate ao bullying da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul também é um material sem custos que pode ser trabalhado com alunos do Ensino Fundamental e Médio.
Este é um tema urgente. Com a pandemia, os alunos passaram mais tempo conectados e a prática do cyberbullying foi intensificada. As redes de ensino não podem mais ignorar esse assunto e as escolas devem amparar a vítima dando suporte pedagógico e psicológico, além de refletir sobre como atuar em relação aos agressores. Lembrando que se a situação fugir do controle da instituição, é preciso buscar apoio legal, inclusive com o registro de Boletim de Ocorrência em uma delegacia. A conduta pode caracterizar ato ilícito, ato infracional e, em alguns casos, até crime.
Precisamos formar uma geração mais responsável com suas atitudes dentro e fora das redes. Com as ferramentas certas, é possível promover a conscientização, a empatia e evitar que situações que machucaram várias gerações continuem promovendo dor e sofrimento.