Imagem: Josh Rose/Unsplash
De professores a alunos, de cientistas a jornalistas: é extensa a lista dos que podem e devem se preocupar com a educação midiática. Afinal, sob este “conceito guarda-chuva” estão abrigadas habilidades essenciais para todos os cidadãos que anseiam uma relação saudável, ética e fortalecedora com as mídias.
As mudanças drásticas na maneira como buscamos, produzimos e compartilhamos os mais diversos tipos de mensagens (em texto, áudio ou vídeo) exigem que a sociedade em geral desenvolva uma nova relação com a informação. Mais do que nunca, é preciso ir além do que está escrito ou dito, interpretando intenções e avaliando a confiabilidade do que chega até nós ou do que passamos adiante.
Esse conjunto de competências precisa ser continuamente exercitado. “Tanto quanto um esporte ou uma segunda língua, a educação midiática exige prática constante”, lembra o Guia da Educação Midiática, lançado este ano pelo EducaMídia. É nesse esforço diário para que mais e mais pessoas reflitam sobre sua responsabilidade diante da superabundância de informações que novos atores podem ser convidados para a conversa — a educação midiática deve ser um compromisso da sociedade.
Uma rede diversa de especialistas expande e ao mesmo tempo aprofunda conceitos fundamentais para entendermos o ambiente informacional que não para de se sofisticar. Poucos anos se passaram desde que termos como fake news e pós-verdade caíram na boca do povo e já há muitos desafios novos e mais complexos a serem enfrentados, como os que envolvem inteligência artificial e deep fakes, por exemplo.
Como, então, se manter atualizado e crítico num mundo em constante mutação? Como garantir que as iniciativas de educação midiática incorporem hábitos, plataformas e jeitos novos de se comunicar?
Há algumas iniciativas em andamento com esse objetivo. Uma delas é a série “Me explica, vai!”, produzida pela TV Cultura em parceria com o EducaMídia e que reúne 24 especialistas com os mais diversos saberes para um diálogo leve e aberto com os jovens que vivem as dores e as delícias do mundo conectado.
A cada episódio, exibidos de segunda a sexta-feira, às 20h30, temas como bolha informacional, algoritmos, representação na mídia, desinformação e as consequências de curtir ou compartilhar qualquer conteúdo são discutidos a partir de dilemas cotidianos de dois colegas de escola, vividos por jovens atores.
A essa camada de dramaturgia a série incorpora a palavra de especialistas, que interagem com os adolescentes mediando reflexões caras à educação midiática e levando-os a construir uma relação mais responsável e enriquecedora com as mídias.
Entre outros nomes, participam do projeto o pesquisador Moacir Ponti, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP; Alexandre Sayad, que está à frente da aliança global da Unesco em prol da alfabetização midiática; Diego Cerqueira, especialista em democracia e tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio); Rodrigo Ratier, jornalista e um dos criadores do projeto de combate à desinformação VazaFalsiane!; a escritora e roteirista Rosana Hermann e o youtuber Prof. Noslen.
É essa pluralidade de vozes e visões que pode levar a educação midiática mais longe, garantindo que as crianças e jovens tirem o melhor proveito do que o universo da informação pode oferecer.