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A guerra, a ciência e a desinformação

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Autor Daniela Machado Coordenadora EducaMídia Sobre o autor

Informações distorcidas e manipuladas ganham a internet, exigindo novas habilidades para não ser enganado

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Vladimir Bondarenko é um blogueiro de Kiev que detesta o governo da Ucrânia. Ele tem rosto, profissão e histórico detalhado no Ukraine Today, um site no qual costumava postar suas críticas ao país. Mas a característica mais importante de “Vladimir” é outra: ele não existe.

O personagem, criado por meio de inteligência artificial, fazia parte da estratégia de guerra da Rússia para difamar a Ucrânia, de acordo com reportagens publicadas nos últimos dias. Nelas, os jornalistas relatam que o perfil de “Vladimir” foi removido de redes sociais como Facebook e Twitter depois que as plataformas identificaram a farsa. 

Esta não é a primeira vez que imagens geradas por computador são usadas para nos enganar e, infelizmente, não deve ser a última. A tecnologia que permite tal manipulação vem se tornando cada vez mais barata e acessível, ao mesmo tempo em que os resultados ficam mais e mais sofisticados e difíceis de decifrar. 

De maneira geral, e não apenas no contexto da guerra, já vínhamos convivendo com exemplos aprimorados de fake news, que exigem de todos nós uma nova postura — mais crítica e responsável — diante da avalanche de informações a que estamos expostos diariamente. Em especial nas áreas da saúde e da ciência, não faltam exemplos de mensagens, imagens, vídeos e áudios pouco ou nada confiáveis, que proliferavam na internet à medida que o novo coronavírus se espalhava pelo mundo. Não à toa, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um duplo alerta ainda em 2020 para que nos preparássemos não só para enfrentar a pandemia mas também a infodemia (excesso de informações, sem qualquer garantia de qualidade).

A mesma preocupação foi mostrada este ano por renomados cientistas que decidiram investigar como a internet molda a relação das pessoas com as informações científicas, por meio de um amplo estudo conduzido pela Royal Society — sociedade britânica criada em 1660 para promover e encorajar o desenvolvimento e uso das ciências em benefício da humanidade.

O trabalho resultou em uma lista de recomendações que, no entendimento dos cientistas, podem ajudar a construir uma “resiliência coletiva” e garantir que mais pessoas tenham acesso a dados confiáveis e de qualidade. Para eles, é fundamental que cada cidadão tenha a oportunidade de desenvolver um conjunto de habilidades para navegar com segurança e, assim, tomar decisões bem informadas, “independentemente de como o cenário e a natureza do ambiente informacional online mudarem ao longo do tempo”.

Nesse sentido, uma das sugestões do grupo é que se invista em iniciativas de longo prazo de educação midiática

“Como o ambiente informacional online provavelmente continuará evoluindo, com novas plataformas, tecnologias, atores e técnicas, é importante considerar a educação midiática como uma aprendizagem ao longo da vida”, aponta o estudo. “Garantir que as populações atuais e futuras possam navegar com segurança no ambiente online exigirá um investimento significativo na educação (…) Essa educação não deve se limitar às escolas e universidades, mas ser estendida a todas as pessoas, de todas as idades.”

A internet deu vez e voz a muita gente, o que é extremamente poderoso. No caso dos cientistas, o amplo acesso a informações conecta saberes, reduz barreiras e encurta caminhos para a descoberta de muita coisa que pode nos beneficiar. Por outro lado, ficou mais fácil enganar e ser enganado — não só em momentos de guerra ou pandemia. Se queremos minimizar os desafios e maximizar os ganhos desse novo cenário, não há dúvida de que a educação pode ajudar.

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Daniela Machado

Coordenadora EducaMídia

Coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta que tem como focos a formação de professores e a produção de conteúdos sobre o tema.

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