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A educação política precisa ser midiática

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Autor Mariana Mandelli Coordenadora de comunicação Sobre o autor

Participação plena na sociedade demanda relação responsável com todas as mídias

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Imagem: Solen Feyissa

“ O prefeito tá on ”, escreveu Edmilson Rodrigues (PSOL – PA) no Twitter ao ser declarado eleito em Belém, capital paraense. Para quem não passa muito tempo nas redes sociais, pode ser difícil entender o meme, que tomou conta das timelines depois que Neymar usou a frase, que significa algo como “tô na área”, antes de um jogo do Paris Saint-Germain na Liga dos Campeões, em agosto deste ano.

Também no Twitter, o perfil do PSDB usufrui frequentemente de conteúdos virais para engajar seus seguidores, simpatizantes e detratores. Nos últimos dias, foram diversos os posts que faziam referência a memes famosos, como “E ainda achavam que a gente tava na pior” e “A gente tá como?”, para comemorar a reeleição de Bruno Covas à prefeitura de São Paulo.

Por mais simples e efêmeros que pareçam, esses conteúdos exigem repertório e contexto para serem compreendidos, o que amplifica a mensagem do político de forma interativa. É claro que não é de hoje que esse tipo de postagem é usada em campanhas políticas, mas talvez seja possível dizer que 2020 concretizou essa prática como uma maneira de envolver principalmente o público jovem nos pleitos.

O candidato derrotado em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), talvez seja o melhor exemplo. Seus perfis nas redes sociais aproveitaram diversas linguagens que falavam diretamente com essa fatia da população, como charges, desenhos e montagens que colocavam seu rosto em capas de discos e cartazes de filmes. Sua equipe também foi ágil em gravar e divulgar uma versão do próprio Boulos imitando o vídeo viral em que um homem canta a música “Dreams”, da banda Fleetwood Mac, em cima de um skate, tomando suco.

Os exemplos citados mostram que o uso político das mídias digitais vai muito além de disseminar ou combater as chamadas “fake news”, sem desprezar, é claro, o potencial maléfico da desinformação para corroer as instituições e os processos eleitorais aqui e mundo afora. Porém, se o mau uso das redes sociais ameaça a democracia, a verdade é que a educação política não pode mais desconsiderar o ambiente digital– ambos precisam andar juntos.

cidadania para uma sociedade conectada exige que saibamos produzir e consumir conteúdos com responsabilidade, e isso só aumenta em período de eleições, quando a reputação dos candidatos e principalmente o futuro das cidades, estados e País estão em jogo. Isto porque sabemos que, quando se trata do espectro político, nossos posicionamentos ideológicos e vieses de confirmação ficam ainda mais exaltados, fazendo com que a nossa capacidade de leitura crítica das informações recebidas via WhatsApp, por exemplo, fique comprometida. O potencial de manipulação por meio de conteúdos mentirosos e difamatórios é, portanto, muito maior nesse momento do que em outros.

É por isso que iniciativas de educação política que contemplem o universo midiático de forma educativa são tão importantes e merecem ser reforçadas.

Desde 2002, o Poder Legislativo mantém o Plenarinho, um programa criado dentro da Câmara dos Deputados com o objetivo de disseminar conhecimentos acerca das instituições democráticas do País entre crianças de 7 a 14 anos, responsáveis e professores. Com linguagem acessível e divertida, o site do projeto reúne materiais, jogos e outros recursos de interação digital com esse público.

Com a premissa de unir a educação política e a midiática, o Palavra Aberta e a Câmara dos Deputados firmaram um acordo de cooperação que prevê uma série de ações, entre elas o projeto Questione-se, que consiste em uma série de vídeos para o TikTok criados por jovens explicando conceitos eleitorais, o que os aproxima do universo político de modo pedagógico.

É preciso dizer que o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem fazendo um ótimo trabalho no combate à desinformação, sem ignorar a importância da formação política dos eleitores brasileiros. De modo contínuo, a instituição abastece suas redes e demais canais com conteúdo didático e inteligível, no esforço de mostrar à população a transparência do processo e de desmistificar boatos sobre a urna eletrônica, por exemplo.

Por isso, à medida que as fronteiras entre o online e o offline estão cada vez mais diluídas, é urgente pensarmos em tratar a cidadania digital simplesmente como cidadania. Ser cidadão é exercer seus direitos e deveres de forma responsável em qualquer âmbito da vida social. Para participarmos de maneira ativa da democracia, é preciso que compreendamos plenamente o nosso papel nela –e esse papel inclui, mais do que nunca, uma relação fortalecedora e autônoma com todas as mídias.

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Mariana Mandelli

Coordenadora de comunicação

Mariana Mandelli é coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta.

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